Hans Staden


O alemão Hans Staden viajou duas vezes ao Brasil (1547 e 1550) e relatou em livro tudo que se passou durante seu período. Seu livro teve grande repercussão por conta de suas ilustrações, descrições de rituais antropofágicos, animais, plantas e costumes exóticos. Para os estudiosos, a obra contém informações de interesse antropológico, sociológico, linguístico e cultural sobre a vida, os costumes e as crenças dos indígenas do litoral brasileiro na primeira metade do século XVI.
Em sua primeira viagem ao Brasil esteve no estado de Pernambuco, enquanto que na segunda embarcou na expedição espanhola de Diego Sanabia, novo Governador do Paraguai. Contudo, seu navio naufragou nas costas do litoral fluminense. Por saber lidar com canhões, os portugueses destinaram Staden a artilheiro do Forte de Bertioga e foi defendendo esse forte que os tupinambás (inimigos dos lusos) o capturaram.
Staden foi capturado por um aborígine chamado Nhaepepô-açu ("Panela Grande") e, em seguida, foi dado de presente a outro chamado Ipirú-guaçu ("Tubarão grande"). Uma vez, carregaram-no até a aldeia de Tiquaripe, perto de Angra dos Reis, para ver um dos seus inimigos ter a cabeça esmagada por um ibirapema (tacape de execuções). Logo em seguida, assistiu o corpo ser devorado pela tribo inteira, embriagada previamente com licor de raízes de abatí.
Um trecho do documento de Staden quando este chegou pela primeira vez na aldeia de Ubatuba, prisioneiro dos índios:
“[...]vimos uma pequena aldeia de sete choças... Chamavam-na Ubatuba. Dirigimo-nos para uma praia aberta ao mar. Bem perto trabalhavam as mulheres numa cultura de plantas de raízes, que eles chamavam mandioca. Estavam ai muitas delas, que arrancavam raízes e tive que lhes gritar, em sua língua "Aju ne xé peê remiurama", isto é: "Estou chegando eu, vossa comida."... Deixaram-me com as mulheres. Algumas foram à minha frente, outras atrás, dançando e cantando uma canção que, segundo seu costume entoavam aos prisioneiros que tencionavam devorar. [...] No interior da caiçara arrojaram-se as mulheres todas sobre mim, dando socos, arrepelando-me a barba, e diziam em sua linguagem: "Xé anama poepika aé!" – “Com esta pancada vingo-me pelo homem que teus amigos nos mataram".
Staden fez de tudo para convencer seus raptores de que ele não era um peros (um português), mas sim um mair (francês), portanto um aliado deles. Conseguiu pelo menos deixá-los na dúvida. E por fim, os tupinambás o transformaram em um animal doméstico que “Tubarão Grande” conduzia amarrado como um cão para todos os lados.
Staden chegou a abordar um barco ancorado bem próximo à praia para pedir asilo. O comandante se recusou, pois não queria criar inimizade com os índios. Mas, por fim, Staden conseguiu, numa outra oportunidade, um convés amigo que o levou de volta à Europa. Staden atribuiu a sua sobrevivência às rezas, o tempo inteiro, feitas com redobrado fervor. Os antropólogos, porém, conhecendo hoje melhor os rituais de antropofagia, lendo Staden, chegaram à outra conclusão. Não o mataram porque Staden pareceu um covarde, cuja carne era indigna de ser ingerida por um valente tupinambá. Deve-se a Staden que viveu 8 meses em meio aos índios, os relatos em primeira mão da vida dos indígenas, com quem partilhou hábitos e costumes. Staden, além de banir do seu relato qualquer menção à zoologia fantástica, pediu a um conhecido, Dryander, que assegurasse a veracidade do conteúdo do livro. Historicamente, Staden foi o primeiro a deixar em forma de livro uma obra que o tornou secularmente conhecido e se tornou das fontes utilizadas na etnografia sul-americana. 
 Hans Staden em uma cerimônia antropofágica

English version


The german Hans Staden traveled twice to Brazil (1547 and 1550) and reported in a book everything that happened during the period. His book had great impact because of its illustrations, descriptions of rituals antropophagics, animals, plants and exotic customs. For scholars, the book contains information of interest to anthropological, sociological, linguistic and cultural information about the life, customs and beliefs of the natives of the Brazilian coast in the first half of the sixteenthcentury.

On his first trip to Brazil was in Pernambuco state, while in the second Spanish expedition embarked on Diego Sanabis, new Governor of Paraguay. However, his ship was wrecked on the shores of Rio coast. By knowing how to deal with guns, the portuguese striker destined Staden to Fort Bertioga and was defending the fort that the tupinambás (enemies of the Lusitanian) captured.

Staden was captured by an aborigine named Nhaepepô-açu ("Big Pot") and then was given a gift to another called Ipirú-guaçu ("Jaws great"). Once, carried him to the village of Tiquaripe near Angra dos Reis, to see one of his enemies have his head crushed by a ibirapema (tacape executions). Shortly thereafter, saw the body being devoured by the entire tribe, inebriated with liquor before killing roots.

An excerpt of the document Staden when this first arrived in the village of Ubatuba, a prisoner of the Indians:
"[...] saw a small village of seven huts ... They called in Ubatuba. We went to an open beach to the sea. Very close working women in a culture of plant roots, which they called cassava. There were many who drew roots and had them screaming in their language "Aju n pee xé remiurama", ie: "I'm coming, your food ."... They left me with women. Some were in front of me, some behind, dancing and singing a song that, according to his usual sang to the prisoners that they intended to devour. [...] Inside the caiçara rushed in women all over me, punching, arrepelando me a beard, and said in his speech: "X is anama poepika ae! - "With this blow to avenge me by the man who killed your friends."
Staden did everything to convince his captors that he was not an apples (a Portuguese), but rather a mair (French), then ally with them. Achieved at least leave them in doubt. And finally, the tupinambás turned him into a pet that "Big Shark" led like a dog tied to all sides.

Staden arrived to address a boat anchored just offshore to seek asylum. The commander refused, not wanting to create enmity with the Indians. But finally got Staden, another time, a deck friend who took him back to Europe. Staden attributed his survival to prayer, all the time, made with renewed fervor. Anthropologists, however, are better off knowing the rituals of cannibalism, reading Staden, reached another conclusion. Staden did not kill him because it seemed a coward, whose flesh was unworthy of being eaten by a brave tupinambá. It happened Staden who lived eight months among the Indians, the firsthand accounts of the lives of indigenous peoples, with whom he shared habits and customs. Staden, and banning any mention of his account to zoology fantastic, he asked an acquaintance, Dryander, which ensures the accuracy of its content. Historically, Staden was the first to leave in a book a work that has known centuries and became the sources used in the ethnography of South America.

Referencias / References:

COSTA, Bianca Mandarino. Hans Staden. Pesquisa apresentada ao Curso de Graduação em Museologia. UNIRIO, 2006.

STANDEN, Hans. Duas Viagens ao Brasil. Editora Universidade de São Paulo, livraria Italiaia editora LTDA. 1974.

As aventuras de Hans Staden. Brasil. Disponível em: <http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/hans_staden.htm> Acesso: 8 out.

PAULI, Evaldo. VIAGEM AO BRASIL, Hans Staden – Resumo” 1997. Disponível em: <http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/Catarinense/Fontes/STADEN.htm> Acesso: 8 out.

Personagens. Hans Staden. Ubaweb. Disponível em: <http://www.ubaweb.com/ubatuba/personagens/index_per_masc.php?pers=hstaden> Acesso: 8 out.

Imagem. Hans Staden. Disponível em: < http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.nas.org/images/illustrations/staden_hans/staden_portrait.jpg&imgrefurl=http://www.nas.org/polArticles.cfm%3Fdoc_id%3D479&h=242&w=200&sz=19&tbnid=72d9117v23wWIM:&tbnh=110&tbnw=91&prev=/images%3Fq%3Dhans%2Bstaden&zoom=1&q=hans+staden&hl=pt-BR&usg=__8krJAt8bxoG8iRoMFpRr2CyaJeY=&sa=X&ei=LcxXTdPTFMe3tgf0x7DtDA&ved=0CDQQ9QEwAw> Acesso: 13 fev. 2011.


Imagem. Hans Staden em uma cerimônia antropofágica. Disponível em: < http://marcelocoelho.folha.blog.uol.com.br/arch2007-10-01_2007-10-31.html> Acesso: 13 fev. 2011.

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