Yves Klein

Klein fez uso no seu percurso artístico da pintura, literatura, fotografia e música para se expressar. Os conceitos que são base do seu trabalho artístico são a cor, corpo e imaterial.

Yves Klein (Nice, França, 28 de abril de 1928 - 1962) nasceu em uma família de artistas, seu pai, Frederic Yves Klein, era paisagista e sua mãe, Marie Raymond, foi uma das primeiras pintoras de vanguarda no Informalismo em Paris. Quando jovem Klein viajou por alguns países como Irlanda, Itália, Espanha e Japão. Chegou a viver no Japão por dois anos onde se dedicou ao judô chegando ao cinturão negro e grau de 4° Dan. Desde cedo, Klein estabeleceu que a monocromia seria o conceito base de sua pintura. Para ele
"a escolha da cor como modo de expressão de uma sensibilidade totalmente liberta no espaço constituiria um eixo fundamental do projeto artístico de Yves Klein, que rejeitava a linha e o desenho, que considera uma limitação e um aprisionamento no conceitos do pensamento formais e psicológicos, em clara contraposição com o universo das percepções espirituais” (WEITEMEIER, 2005, p.7-8) 
Em 1955, uma de suas obras monocromática laranja foi recusada pelo Salón des Réalités Nouvelles. Foi recomendado que incluísse, pelo menos uma outra cor ou um elemento gráfico (como ponto ou linha), mas para Klein a cor era algo por si mesma. No ano seguinte, Klein se uniu ao crítico de arte Pierre Restany que esmiúça a estética da cor única. Klein passa a ser conhecido então como “Yves - le monochrome” e começa alcançar reconhecimento na crítica e do público.   

Em 1956, Klein desenvolveu junto com o químico Edouard Adam um o pigmento azul ultramarino que foi batizado de International Klein Blue (IKB), cor essa que foi patenteada por ele. Klein usava esponjas naturais para aplicar a tinta nas telas e começou a perceber que elas ficavam rapidamente completamente impregnadas de azul e ficou fascinado com sua beleza. Passou a usar esse elemento em suas telas e, posteriormente, fez relevos com esses materiais. Mais tarde, passou a aplicar a tinta azul no suporte com um rolo que produzia um efeito uniforme da cor e sem vestígio de traços. Klein também começou a produzir pinturas com orientação vertical e bordas arredondadas diferentemente das pintura tradicionais que eram claramente delimitadas por suas molduras e chassis. Klein também se inspirou em de obras em museus já consagradas e as pintou com seu azul profundo (mas também usou, às vezes, rosa e folhas de ouro). 

Em 1957, no ateliê de seu amigo Arman, Klein conheceu Rotraut Uecker e logo começaram um romance. Uecker também era artista plástica e eles iniciaram uma parceria também no campo artístico.

Na inauguração da exposição individual <Yves - le monochrome>, em 1957, na galeria da Rue des Beaux-Arts, Klein apresentou o que chamou de a primeira Escultura Aeroestática que consistia em soltar nos céus de Paris 1001 balões azuis cheios de gás hélio. Em 1958, Klein realizou a exposição <O Vazio> onde retirou todos os objetos da galeria e pintou, meticulosamente, todo o ambiente de branco, ou seja, espaços vazios. A dinâmica da entrada dos visitantes nos espaços eram um a um ou em um pequeno grupo onde mergulhavam no espaço vazio e silêncio. Klein declarava assim que o vazio era um trabalho artístico. No cocktail da exposição também foram servidas bebidas que tingiam a urina dos visitantes de azul. Todas essas ações artística eram totalmente inovadoras e a reação da crítica e do público foi muito positiva.   

Klein também iniciou o trabalho na música onde começa a desenvolver ainda em 1947 criação da “Sinfonia Monótona - Silêncio” que consistia em uma sinfonia de uma única nota tocada por 20 minutos e seguida por um silêncio de 20 minutos que se repetiam, ou seja, som e silêncio, intercalados.

No campo da fotografia a obra “Saut dans le vide” (“Salto no Vazio”) é uma das imagens mais conhecidas de sua carreira. Trata-se de uma montagem onde foram combinadas duas fotos, uma de Klein saltando com uma rede para segurá-lo e uma outra da rua vazia. A fotografia foi tirada por Harry Shunk, em 1960, e fazia parte do contexto das viagens espaciais que começam a ser feitas pelo homem, dando vida ao sonho de voar.  

Na década de 1960, na abertura da exposição “Anthoropometries of the Blue Epoch” Klein se aventurou em uma nova de pensar e fazer arte: a performance. Ele apareceu de fraque e gravata e havia uma orquestra clássica composta por nove músicos tocando sua Sinfonia Monótona. Klein orientava três modelos femininas nuas que passavam tinta azul em seus corpos imprimiam seus contornos nas telas. As modelos eram, seguindo ele, “pincéis vivos”. Klein também realizou pinturas através do fogo segundo o mesmo padrão do Antropometrias, o modelo se molhava e encostava em uma superfície que acabava tendo apenas as laterais queimadas, fazendo o contorno do corpo humano.

Em janeiro de 1962, Klein e Uecker se casaram. No dia 11 de maio, Klein assistiu à estreia do filme Mundo Cão no Festival de Cannes, ele sofreu duas crises cardíacas, acabando por falecer no terceiro enfarte no dia 6 de junho do mesmo ano aos 34 anos de idade. Meses depois nasceu o filho do casal, Yves Amu Klein que hoje também é artista plástico e trabalha com escultura robóticas

As obras de Klein figuram em coleções públicas pelo mundo. No site do artista é possível verificar a distribuição das obras por instituição e constitui uma importante ferramenta de pesquisa sobre o trabalho de Klein.

Crédito do texto: Bianca Costa

Referência:

WEITEMEIER, Hannah. Klein. Editora Paisagem Distribuidora de livros LTDA. 2005.

Yves Klein. Disponível em: <http://www.yvesklein.com/en/collections-publiques/> Acesso: 23 mar. 2019.

A arte de yves klein. Disponível em: <http://atraves.tv/a-arte-de-yves-klein/> Acesso: 23 mar. 2019.

Rotraut. Disponível em:<http://www.rotraut.com/en> Acesso: 24 mar. 2019.

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